Não sou muito a favor dos rótulos usados na literatura.
Coisas do tipo "não leia o livro A porque é coisa de mulher" ou "não leia o livro B porque é coisa de criança" me irritam um pouco.
Entendo que existam públicos que se apetecem mais por esse ou aquele estilo, mas tornar isso uma regra é chato.
Dito isso, é preciso rotular 1984 do escritor Indiano George Orwell (sim, ele passou quase a vida toda na Inglaterra, mas nasceu na Índia) como um livro para iniciados.
Como nos tempos do RPG, é preciso ter duas bolinhas de inteligência para ler 1984. Ah, tá dizendo que se eu for meio burro, não vou gostar?
Não, mas estou dizendo categoricamente que se for meio lesado, não vai se interessar por essa obra.
Por que?
Ao contrário da imensa maioria de livros de fantasia e romance que vem inundando as prateleiras de best-sellers, esse é um livro de pouca ação. Não acontece muita coisa com os personagens. Isso porque o autor precisava de muitas páginas para descrever e explicar todo o sistema de governo que é o grande cenário da história.
Acompanhamos a trajetória de Winston e de Júlia, mas eles são quase coadjuvantes numa história em que o sistema é o grande personagem. Representado pelo "Grande irmão", é o sistema quem interessa. E é compreendendo o grande irmão e fazendo analogias com as nossas vidas que a coisa tem graça.
Cada ironia, cada revolta, cada gotinha de ódio que sorvemos ao entender como o grande irmão dominou a território de Oceânia é que dá graça para o livro.
Se você estiver disposto a embarcar nessa viagem, irá conhecer uma obra maravilhosa, que te deixa esperançoso, revoltado, chateado, indignado.
Por isso o reforço: Só leia se for um iniciado.
A boa dica é começar pela outra obra famosa deste autor, A revolução dos bichos tem temática parecida, mas com uma linguagem mais simples, mais ação e linearidade.
Olha a resenha dele aqui: resenha - Animal Farm
Agora, se você se dispor a ler o livro, fará uma coisa boa por si mesmo. Vale a pena!
Nenhum comentário:
Postar um comentário