sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Teoria da conspiração - Bacon dá câncer

Muito se falou nos últimos dias que a carne processada (bacon, salsicha, presunto) podem aumentar as chances de desenvolver câncer.

Indignados com essa falácia, a equipe de investigação do desinformadoss composta por mim, minha cachorrinha e meu amigo imaginário dissecou o google em busca de informações mais coerentes.

Nessa busca acabamos achando os responsáveis por disseminar esse boato por aí. Veja a foto dos meliantes logo abaixo.

E fica a nossa dica. Não acredite em qualquer besteira que você lê nas redes sociais


terça-feira, 27 de outubro de 2015

Literatura - Resenha - Tom Sawyer de Mark Twain

Menino Maluquinho.

Foi essa a primeira impressão que me deu ao começar a ler o livro Tom Sawyer, grande clássico de mais de um século do autor norte-americano Mark Twain.

Vejam, isso não é desqualificar a obra, apenas traçar um paralelo com algo nacional e contemporâneo.

Tom é um menino muito ativo, com uma imaginação muito fértil e extremamente supersticioso. Ele vive aprontando das suas, pregando peças, fugindo da escola e do banho e levando uma boa surra de vez em quando.

Viram só? lembra bastante menino maluquinho.

Minha experiência de leitura não foi a mais prazerosa de todas por causa de um grande problema: a expectativa! Explico; por alguma razão, eu tinha na cabeça que Tom Sawyer fosse um menino de má índole, que vivia a enganar os outros para alcançar seus objetivos. Ele até prega umas peças aqui e acolá, mas é uma criança e age como tal, dentro de uma inocência típica da idade.

Por outro lado, é uma obra que ajuda a conhecer os costumes de uma época bem longínqua, onde o professor podia surrar o aluno em caso de desobediência e a vida era por demais simples. Tem também o lado que pode parecer racista, mas é apenas um retrato de uma época onde a escravidão ainda estava em vigor nos EUA. Também conhecemos bastante sobre como a época era cheia de religiosidade e superstição, um dos traços mais legais do menino Tom.

A história em si me pareceu um pouco monótona, é mais um dia a dia da vida do garoto, apesar de alguns acontecimentos interessantes. Se vale a leitura? Com certeza, apenas diminua suas expectativas para não se decepcionar.

Conhecer os clássicos sempre nos trará um aprendizado, e é um livro muito bem escrito, sem ser difícil de ler, serve como escola para muito escritor por aí que acha que escrita simples é escrita ruim.

Fica com 3 estrelas de 5.

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Literatura - Resenha - Uma segunda opinião de Fernando Santos de Oliveira


Uma das grandes qualidades do ser humano, e que é difícil de ser adquirida, é a capacidade de mudar de opinião.

Raul Seixas conseguia ser uma "metamorfose ambulante" e era capas de desdizer aquilo tudo que ele disse antes.

Pois foi com esse pensamento que resolvi fazer uma segunda leitura de "Uma segunda opinião", primeiro trabalho publicado pelo escritor Fernando Santos de Oliveira.

Quando li o conto quase dois anos atrás, ele não me causou uma impressão muito boa. Tinha achado o tema adolescente demais, um tanto fútil, apesar de bem escrito e com um final revelador.

Hoje peguei para ler novamente, sob uma ótica de quem envelheceu dois anos, ingressou na carreira de letras e também lançou material.

Posso dizer que foi bem mais prazeroso ler sabendo o final. Agora, pude olhar a obra entendendo cada pista que o autor coloca, cada acontecimento tendo o seu propósito. Vale uma segunda leitura de "Uma segunda opinião" com o perdão do trocadilho.

É claro que a linguagem é adolescente, afinal o conto é sobre jovens e o seu mundo, ora bolas! Mas uma olhada mais cuidadosa revela partes bem escritas como esse trecho:

"as luzes fracas que vinham do teto jogavam sua sombra contra o chão ampliando-a como se fosse sua segunda personalidade."

Fico feliz em ter mudado de opinião, assim como tinha feito com clássicos que eu não havia curtido na adolescência. 
A partir de agora, vou tentar ler tudo como quem o faz pela segunda vez.

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Literatura - Contos - Revista Pulp Fiction lança sua primeira edição.


O site de literatura Homo Literatus realizou meses atrás uma seleção de contos para a primeira edição de sua revista Pulp Fiction.
Este que vos escreve participou da seleção que contou com, pasmem, 200 inscritos e, infelizmente não foi selecionado.
Isso não significa que vamos desistir, preparem-se para as próximas edições.

A primeira edição da revista está disponível no site e pode ser baixada sem nenhum custo. O objetivo é mostrar o trabalho dos escritores brasileiros, alguns desconhecidos, outros com algum nome no mercado.

Para baixar, basta seguir este link: Revista Pulp Fiction ed1.

E já que escrevi um material para esse concurso e ele seria divulgado caso fosse selecionado, nada mais justo do que deixá-lo aqui abaixo para que você também possa ler e dar a sua opinião.

Assexuado

Ajoelhado sob o sangue que escorria de um corpo inerte e tendo em uma das mãos a arma do crime, Josias tentava, em vão, acalmar um pequenino e choroso bebê com a mão restante. O pobre rebento estava chocado após assistir uma mulher ser morta com o martelinho de bater carne retirado da gaveta da cozinha. A ineficácia daquela ferramenta como arma e a inabilidade daquele que a empunhava fizeram com que a cena fosse perturbadora até mesmo para um bebê. Os golpes não letais deram à vítima a chance de lutar por sua vida, embora essa possibilidade apenas lhe tenha causado mais sofrimento, sentindo cada contusão da cabeça irregular e cada laceração que o lado com lâmina provocava.

Josias e a criança estavam totalmente manchados com o líquido avermelhado que começava a coagular e endurecer, empesteando o ar com um cheiro ocre e ferroso quando o rapaz começou a se indagar como foi que chegou naquela situação.

Poderia ter sido numa tarde qualquer, em que o rapaz regressava do colégio cansado e abatido após fazer uma longa caminhada sob o sol quente de verão. Os problemas acumulados durante o dia o cegavam, assim como as salgadas gotas de suor que desciam-lhe pelo rosto corado.
Quisera ele que o lar lhe trouxesse refúgio. Aquela casa antiga, situada num bairro de classe média, costumasse exalar um incômodo e agridoce perfume feminino, que já se podia sentir antes mesmo de abrir o portão. Uma vez lá dentro, atravessava a sala poeirenta e mal cuidada para alcançar o seu quarto e trancar-se lá dentro à procura de paz.

Aquela fragrância concernia à Dona Angélica. A mulher que morava algumas ruas abaixo, costumava visitar o seu pai algumas vezes por semana, sempre durante à tarde. O teor daquelas visitas era confirmado pelo ranger da cama na alcova ao lado ou pelos gritos e termos chulos que a mulher dizia e ouvia de Osvaldo, um mecânico desempregado, que não se importava em arranjar um novo trabalho ou, pelo menos, manter a casa limpa.

Josias ligava o aparelho de som e músicas como Killing in the name of invadiam o ambiente, ocultando os irritantes barulhos oriundos do cômodo ao lado. Só saía do seu retiro para usar o banheiro, embora nesse pequeno intervalo ainda fosse capaz de ouvir o casal interpretando Jeannie é um gênio ou algum outro seriado antigo.

Num desses dias, olhou-se no espelho enquanto lavava o cabelo raspado com máquina e viu seu rosto de testa grande e sobrancelhas finas, que encimavam olhos castanhos e enigmáticos. Não servia para feio, possuía orelhas simétricas e dentes alinhados, apesar de um pouco amarelos.

Mas a paz costumava ser breve. Tão logo Dona Angélica deixava a residência, seu pai vinha importuná-lo, muitas vezes bêbado, se gabando a respeito de seus feitos com a vizinha.

Osvaldo insistia que o filho também lhe contasse suas peripécias, embora Josias respondesse que não ficava confortável para conversar a respeito. A relutância do rapaz só o deixava mais irritado, então ele trazia material pornográfico, revistas, vídeos, objetos que ele tinha nojo até de tocar, mas que o homem o obrigava a experimentar.

A gota que transbordou o balde foi a ocasião em que o homem, completamente fora de si, trouxe um filme dele com a vizinha para que o filho assistisse.

Josias só conseguia livrar-se dele quando se trancava no quarto e aumentava o som ou quando Bete chegasse. Sua mãe era uma mulher magnífica. Passava o dia trabalhando para sustentar a família e ainda tinha que chegar em casa e fazer o serviço doméstico, negligenciado pelos homens que ali moravam. Isso não quer dizer que o pai passasse impune. Bete surrava o marido sempre que tinha uma chance e o inútil nem era capaz de se defender. Sentiria vergonha em se queixar dela para a polícia ou algum vizinho, então recolhia-se em sua insignificância enquanto lambia suas feridas.

Foi numa dessas noites que Osvaldo ouviu o filho desabafando com a mãe.
Josias já tinha dezesseis anos e ainda era virgem. O boato que nasceu no colégio e logo se espalhou pela vizinhança era de que fosse homossexual. A mãe lhe pediu que dissesse a verdade, que não havia problema se o fosse. O filho apenas explicou que não sentia necessidade em se relacionar com ninguém, que preferia ficar sozinho por ora. Bete lhe deu um beijo e foi dormir.
Quando Josias voltou a si, ainda restava o problema atual. O bebê em seu colo chorava e estava sujo de sangue. Achou melhor lavá-lo e colocá-lo para dormir. Durante o processo voltou-se para aquelas lembranças outra vez

Sentiu uma reminiscência. Visualizou mentalmente o período alguns dias depois daquela conversa com a mãe, quando começou a ser assediado por Ritinha. A moça, que morava numa rua próxima e estudava no mesmo colégio que ele, o procurava de forma insistente, apesar das tentativas dele de se esquivar.

Ritinha era tudo o que ele detestava em uma mulher. Apesar de ser bonita e dona de um corpo novo e esbelto que qualquer garoto desejaria, possuía trejeitos que o repeliam. Ela parecia fazer questão de parecer vulgar. Exagerava na maquiagem e no tamanho diminuto de suas vestes. Parecia um desafio à física sua capacidade de preencher peças de roupa bem menores do que seu corpo, e de caminhar balançando-se como quem dança.

Talvez seu caminhar fosse consequência do seu gosto por ouvir funk no celular. Tudo bem se ela usasse fones de ouvido, mas não, todos a sua volta eram premiados com música a custo zero. Se algum descontente reclamava ou pedia para abaixar o volume, conhecia outra faceta dela que Josias detestava. Ritinha era “barraqueira”, adorava fazer um escândalo e chamar atenção de todos à sua volta quando era contrariada.

As recusas dele em ficar com aquela garota tão fácil só fizeram piorar a sua fama. Agora todos tinham certeza que era gay. Como um garoto como ele perderia aquela oportunidade? Era o que todos se perguntavam às suas costas.

Fugindo desse cerco, ele voltou para casa mais cedo um dia, a tempo de adentrar antes da visita costumeira. Naquela tarde, as ondas sonoras de calmaria chegavam a bordo da sugestiva hail and kill e ele achou que seria um entardecer tranquilo.

Tão logo Dona Angélica chegou a quietude se desfez. Enquanto o pai fornicava com a vizinha no quarto ao lado, o rapaz se indagava por que ele não nutria daquele desejo carnal, ou até mesmo amoroso, como a maioria dos mortais. Estaria ele complexado? E se estivesse, seria tudo culpa dos seus pais? Concluía que sim, afinal, a maioria de nossos desvios de caráter, são consequência de algo que nossos pais fizeram. É sempre mais fácil culpar ao outro.

Já era noite quando Osvaldo bateu em sua porta. Fingiu não ter ouvido, afinal seek and destroy preenchia o ambiente e era uma boa desculpa para ignorá-lo. Mas as batidas se tornaram murros e precisou abrir, vendo um homem embriagado querendo falar-lhe.

Josias deixou o quarto e foi à cozinha tomar um copo d´água enquanto o pai o seguia, fazendo-lhe todo o tipo de ofensas e o lembrando do quanto o odiava por ser um mariquinha. O rapaz já estava acostumado com aquele tipo de afronta e sabia que só pioraria caso se irritasse, por isso preferiu ignorar.

Mesmo após o banho, o bebê continuava chorando sem parar, tirando Josias do transe que o fazia relembrar o passado. Colocou então o pequeno no berço e foi fazer-lhe uma mamadeira para acalmá-lo. Nem mesmo o barulho do micro-ondas era capaz de abafar aquele berreiro, assim como o o metal não pareceu capaz de encobrir os gritos de seu pai agonizante.
Josias lembrou-se novamente. De Osvaldo, embriagado, somente de cuecas na cozinha a atormentá-lo com aquela coisa toda de sexualidade. Conseguira desprezar aquelas ofensas até o pai lhe contar que havia contratado Ritinha para desvirginá-lo. E que nem assim ele fora capaz de fazê-lo.

O forno apitava freneticamente avisando que o leite estava quente, mas aqueles bips agudos apenas o lembravam de como metia a faca de cozinha no peito de Osvaldo. Foram tantas estocada que o homem nem sofreu muito, sangrando até a morte em minutos. Mas a morte daquele homem desprezível não foi assim tão rápida. Josias o ameaçou com a faca, mandando que calasse a boca, só que o pai estava alcoolizado, e não percebeu que o garoto falava sério até levar o primeiro golpe, uma laceração no queixo.

Agora no chão, Osvaldo segurava um pano de prato contra o rosto enquanto o sangue tingia o pano puído. O filho estava agora dominado pela fúria e começou a cortar o rosto do pai, ainda vivo, desenhando-lhe novas feições. Primeiro foram os lábios, rasgados até as orelhas para deixar-lhe sorrindo orgulhoso. Em seguida, arrancou os olhos enquanto o homem jazia desmaiado, pois queria que o visse. Terminou serrando os pulsos enquanto a vida deixava aquele corpo e finalizou por castrar-lhe, assim jamais trairia sua mão novamente.

Esgotado, permaneceu ao lado do cadáver, em choque, assim como mantinha-se agora, ao lado de outro defunto, sem saber o que fazer até que sua mãe chegou.

Bete tentou, em vão, ocultar o corpo do marido embora já fosse tarde. Os gritos do homem haviam chamado a atenção de vizinhos que avisaram a polícia. Quando eles vieram, Bete assumiu a autoria do crime e foi presa no lugar do filho.

Esse é o tipo de coisa que as mães fazem pelas crias. Nada mais justo depois de deixá-los com tantas perturbações, pensaria o filho que se aproveita da situação, mas Josias queria confessar, queria ser preso no lugar dela, só que Bete não permitiu. Disse que tiraria a própria vida se ele se entregasse.
Josias não tinha mais mãe, assim como aquele bebê que agora tomava feliz o seu leitinho, completamente ignorante a despeito de sua progenitora estar a apenas alguns metros, sem vida, endurecendo sobre uma poça do seu próprio sangue.

Mas por que Josias deixou órfão aquele pequenino?

Quando sua mãe foi presa, ficou definido que precisava de um tutor, afinal, ainda era menor de idade. Na ausência de parentes conhecidos, foi entregue à madrinha. Lucinha era uma mulher de quase quarenta anos, e com uma vida cheia de histórias para contar. Havia se casado muito cedo e sonhava muito em ser mãe. Só que o marido desenvolveu leucemia e ela jamais conseguira engravidar.
Quando Josias foi morar em sua casa, Lucinha jamais imaginaria que os dois tomariam um porre juntos, usariam drogas por horas à fio, buscando esquecer as mágoas que carregavam, e que, naquele breve momento de descontrole, acabariam transando.

E daquele único ato inconsequente gerou-se um fruto. Uma nova vida que agora dormia tranquilamente enquanto o seu pai assistia um episódio de Doctor Who ao mesmo tempo em que fatiava os restos mortais de sua mãe para o descarte.


Josias jamais revelaria ao filho suas verdadeiras origens. Aquela criança não teria pais para complexá-lo, seja servindo de um exemplo deturpado, seja deixando-o para trás no momento da viagem derradeira.

domingo, 18 de outubro de 2015

Desinformadoss - Humor - O Matuto e a caganeira

Muitos podem achar que essa minha mania de escritor é novidade, um "fogo de palha" por assim dizer, mas escrevo continuamente desde a adolescência. 
A diferença é agora tenho maturidade para compartilhar esse material sem temer o julgamento, por isso, resolvi buscar alguns textos antigos para colocar aqui no blog.

O Matuto foi um personagem inventado para ser um avatar. Ele substitui as pessoas reais para poupar suas identidades. Essa história que transcrevo abaixo foi publicada nesse mesmo blog quatro anos atrás. Dei uma arrumadinha em alguns erros de português meio gritantes, mas o que importa aqui é a situação. Ela aconteceu mesmo...

Matuto e a Caganeira


Sabe quando você acorda e o dia parece nebuloso? Algo te diz que é melhor ficar em casa mas você insiste em sair para ir trabalhar? Pois é, vejam o que aconteceu ao Matuto num dia desses.
Logo que saiu de casa, o Matuto viu que tava um trânsito nojento, tinha chovido e tava aquela desgraça pelas ruas. Mesmo assim o Matuto saiu com sua namorada em direção ao centro da cidade.

Não tinham nem chegado nem na metade do caminho quando ele sentiu uma pontada no abdome, sim abdome, é muito mais bonito do que falar barriga.
Era um peido, sim, aquela lufa de gás fedido que chega nas horas mais impróprias. Você precisa se livrar dele sem fazer alarde, mas os vidros do carro estavam todos fechados por causa da chuva e o ar condicionado estava ligado no reciclador de ar.
Outra cólica veio e não deu pra segurar, pfuuuuuuft! - Saiu com pouco barulho, o rádio encobriu, "Acho que ela não vai perceber" – pensou ingenuamente enquanto uma gota de suor desceu pela testa.

Segundos depois ela protesta:

- Você peidou? Tá um cheiro de merda aqui dentro! Disse a moça tapando o nariz.
- Escapou... Alguma coisa que eu comi não caiu muito bem, foi mal.
Mais dez minutos se passaram e as cólicas voltaram, pareciam contrações de parto porque iam e voltavam em intervalos cada vez menores.
Se contorcendo feito uma lagartixa ele virou pra sua namorada e falou que eles iam precisar parar em algum lugar pra ele ir ao banheiro que o negócio tava brabo.
Ela sugeriu uma padaria que estava a menos de um quilômetro dali, mas o trânsito não andava de jeito nenhum.
Depois de ter perdido a vergonha e peidar descontroladamente resolveu entrar em desespero, ou saía daquele carro ou estragava a cueca, a calça e o carro. Colocou o braço pra fora e foi trocando de faixa, indo para a direita até que viu um posto de combustível.
Parou na frente da loja de conveniência e já foi perguntando onde era o banheiro. – lá atrás - respondeu o balconista.
Com o que restou de suas forças, caminhou debaixo de chuva até os fundos do posto e encontrou um toilete mais imundo que banheiro público, mas como não tinha escolha, arriou as calças e mandou ver.
A Sensação de alívio foi repentina, afinal alegria de pobre dura pouco. A privada não tinha tampa e ele sentia que um movimento em falso e cairia lá dentro. O chão estava todo molhado e torcia para que fosse água da chuva que escorria até ali.

Uma nova demanda o fez esquecer da chuva. Havia algo que precisava ser limpo antes que saísse. Começou a procura visual, olhou no vitrô, nas paredes, no chão mas percebeu que não havia papel higiênico.

- Agora fudeu! Metade da minha bunda tá melada e não tem como limpar - pensou o Matuto. Mas o Matuto é garoto esperto e pensou em sacar o celular e ligar para sua namorada que estava no carro pra que ela trouxesse o papel. Foi checar os bolsos e o celular tinha ficado no carro.
Desesperado, não sabia se sacrificava as meias e a cueca em troca de sua dignidade, ou começava a chorar. Tentou levantar e dar uma olhadinha se aparecia alguém... nada. Até que chegou um maluco abrindo a porta com tudo e ele: - opa, tem gente, tem gente!
Era outro cara com caganeira. O Matuto jogou o restinho de sua honra no vaso e chamou o cara. – Maninho, me ajuda aqui!


Meio cabreiro, o sujeito foi se aproximando com medo do que ouviria, mas o Matuto foi sucinto. Rapidamente explicou que sua namorada estava no carro e o cara foi lá avisar a moça que trouxe uma caixa de lenços para ele fazer a sua higiene.

Após a limpeza, lavou as mãos na água que caía do telhado, pois a torneira não funcionava e foi trabalhar normalmente, suas pernas doeram por dois dias de tanto segurar a merda.

terça-feira, 13 de outubro de 2015

Literatura - Lançamento - Natureza Humana



Equipe de imprensa vai à amazônia brasileira constatar as péssimas condições de trabalho, mas se depara com intrigas, crimes e muito mistério. 

Seriam as lendas sobre o local, relatos verdadeiros? 
Quando um deles é terrivelmente assassinado, inicia-se uma desesperada corrida por suas vidas, e por uma reportagem.


Essa é a sinopse do meu primeiro livro publicado e que já pode ser adquirido a partir de hoje, por enquanto apenas na forma de e-book - Comprar o livro.

Esse projeto data de 2012 quando a editora Draco abriu submissão para contos sobre mitologia brasileira e que veio a se tornar a coletânea Brasil Fantástico. Escrevi o conto e cheguei a enviar para eles não sendo aceito na época. Me perguntando o porquê de isto ter acontecido, imaginei que era porque meu conto tinha capítulos, descrições detalhadas e vários personagens. Era grande demais para a proposta.

Com isso em mente, reescrevi a história sem me preocupar com o tamanho dela e a finalizei em 2013. Agora eu tinha um livro, mas ele ainda era pequeno demais para levar para as editoras convencionais, então arquivei e segui outros projetos.

Dia desses peguei para reler e continuei achando uma história interessante, que não merecia ficar abandonada apenas porque era grande demais para um conto ou pequena demais para um livro. Isso até tem um nome: novela. 
Peguei o material novamente, revisei tudo de novo, mudei algumas coisinhas que alguns leitores beta não aprovaram e voilá: Natureza Humana está nas prateleiras (virtuais) da Amazon e essa bela história não vai morrer no fundo de uma gaveta.

Enquanto eu continuo buscando uma editora para meus outros projetos, leia esse, divirta-se e depois me conte o que achou; Resenhas no site da Amazon, no skoob, no seu blog pessoal ou até um comentário nesse post são altamente incentivados. Fique a vontade para dizer o que gostou, o que não gostou, o que mudaria. Pode até me mandar um e-mail direto para Daniel Martins que terei o maior prazer em esclarecer alguma dúvida ou discutir algum detalhe.

Um abraço e boa leitura!




domingo, 11 de outubro de 2015

Desinformadoss - Literatura - Brasil Cyberpunk 2115: Você não pode ter tudo o que quer

Com o intuito de incentivar e prestigiar novos autores nacionais (assim como eu) tenho me aventurado a ler as mais diversas obras dentro desse segmento.

Melhor ainda se você ganha o livro num sorteio certo? Foi assim que chegou às minhas mãos Brasil Cyber Punk 2115 de Rodrigo Assis Mesquita.

Nos reviews que li por aí, foi classificado como conto, embora eu considere uma pequena novela sobre uma aventura que acontece em São Paulo, num futuro um tanto possível, um tanto distópico em 2115.

Parabéns ao autor pela imaginação fértil quanto à "prever" como estarão a cidade e o mundo daqui a cem anos. Apesar de tamanho diminuto da obra, ele conseguiu ambientar bem essa parte tecnológica da coisa. Infelizmente faltou espaço para descrever a cidade em si, ficando a cargo da imaginação do leitor essa tarefa.

O grupo de personagens bastante heterogêneo também merece destaque. Outra vez, a falta de espaço me fez querer mais detalhes sobre alguns deles como o Mr. Lobo e Wellington, mas o autor utilizou as páginas que tinha para se focar na protagonista, Hel.

Achei uma novela divertida, que se lê em duas sentadas e que, se não empolga, pelo menos não compromete. Importante ressaltar ao autor e a todos que usam o sistema da auto publicação, para terem mais cuidado com a revisão. Achei alguns poucos erros, coisa de digitação mesmo, que o próprio autor não consegue enxergar, se fazendo necessário uma revisão por terceiros qualificados.

Em suma, é um cenário interessante, que merece um romance "full size" desse bom novo autor brasileiro.

sexta-feira, 9 de outubro de 2015

Desinformadoss - Crônica - Complexo de pastor alemão

Assistindo ao jogo da seleção brasileira ontem, me peguei refletindo a respeito dos porquês de tão mau futebol e me veio à mente o excelente texto de Nelson Rodrigues chamado "complexo de vira-latas".

À época de 1958, éramos um país de baixa autoestima, fustigado pela derrota em 50 para o Uruguai, um país agrícola, subdesenvolvido, sem indústrias e dependente da economia externa.

Nelson Rodrigues acreditava na capacidade do povo brasileiro, e ele se mostrou correto quando não ganhamos apenas um, mas cinco títulos mundiais.

Percebo que houve uma mudança na nossa autoestima, de muito baixa para extremamente alta. "O futebol brasileiro é o melhor do mundo" diria a maioria da nossa imprensa, "só nos falta organização" diria outra parte. Pois vos digo que nos falta qualidade, nos falta material humano.

O leitor me chamaria de maluco, mas vou me explicar: Em que seleção de primeiro escalão temos lugar para Hulk? Talvez nos vingadores, mas no futebol onde o campo, e não o jogador, é verde, é preciso habilidade, técnica. Hulk é tão habilidoso quanto um caminhão desgovernado, é um lutador de MMA com um chute muito forte.

Isso se não falarmos de Douglas Costa, Oscar, Willian. Bons jogadores, vá lá, mas longe de serem Zico, Tostão, que dirá Garrincha ou Pelé.

Ah, mas e o Neymar? rebateriam muitos. O garoto dos penteados de pica pau é um ótimo jogador, mas não estamos falando de atletismo ou natação onde um Phelps ou um Bolt resolvem tudo sozinhos, estamos falando de um esporte que precisa de uns trinta caras para dar certo.

E o maior exemplo do nosso complexo de pastor alemão, afinal parecem vir de lá os melhores cães atualmente, é o nosso técnico com nome de anão da Branca de Neve. Dunga tem uma carreira impressionante como técnico: Seleção, Internacional, ostracismo, Seleção de novo. Tem a experiência de um estagiário.

E foi colocado lá porque após o vexame dos 7x1 com Felipão, a CBF achou que seria uma ofensa chamar um técnico internacional, afinal os brasileiros são melhores apenas porque aqui nasceram.

Dunga até se vira bem, faz o que pode com o elenco limitado à disposição. Mas é como a escolha dos nossos ministérios: Você é pastor evangélico? tá aqui o ministério dos esportes pra você...

O Brasil pode até se classificar para a copa. Pode até mesmo ser campeão lá na Rússia mas, honestamente, seria terrível para o nosso ego, já tão inflado.

Um pouco mais de humildade, por favor.