Durante quinze anos trabalhei no chamado "mundo corporativo". Empresas abarrotadas de mesas e pessoas tentando conseguir o sustento para as suas famílias.
Em todos esses lugares, uma figura sempre me causou simpatia, a "tia da limpeza".
Formada em sua maioria por mulheres de mais idade, renda baixa e coração grande, elas costumam estar no grupo das amizades mais sinceras que o ambiente competitivo do trabalho pode proporcionar.
Enquanto as outras pessoas vem e vão de forma seca, rude e apressada, elas se esgueiram pelos cantos da empresa, limpando a sujeira que produzimos, arrumando as mesas que bagunçamos, colocando café fresquinho para nosso deleite.
Infelizmente, o seu humano e sua divisão de classes acredita que o fato de elas estarem sendo (mal) pagas para realizar essas tarefas tão importantes nos dá o direito e comandá-las ao nosso bel prazer.
"Fulana! Tire o lixo da minha sala! - diz o chefe acreditando estar desperdiçando parte do seu precioso tempo ao comandar outro ser humano a fazer aquilo que é sua obrigação.
Faria mal pedir por favor?
Recentes acontecimentos me levaram a relembrar a importância desse "por favor". Estava eu aguardando meu "fanáticos por bacon" em uma lanchonete Burguer King e dedicava o meu tempo a analisar o trabalho do rapaz que entregava os lanches:
Em pé, cheirando à gordura e recebendo um salário ridículo, ele era constantemente pressionado pelo monitor que mostra os pedidos a serem montados. Em segundos, as cores na tela vão do verde para o amarelo e do amarelo para o vermelho, fazendo-o notar que precisa ser "ainda" mais rápido.
No balcão, clientes emburrados seguravam seus tíquetes e monitoravam o trabalho da rapaz para garantir que ele não respirasse entre um lanche e outro.
Eis que, num dado momento ele entrega um lanche e se prepara para montar o próximo quando uma mulher o chama. Ela diz:
"Moço! Ketchup" e emburra um pouco mais por ele demorar mais do que dois segundos em cumprir a sua obrigação. Ele nem espera pelo obrigado que não vem. O monitor está vermelho e piscando.
A mulher deixou a lanchonete, provavelmente se sentindo mal atendida.
Não importa se a pessoa recebe dinheiro por qualquer que seja o trabalho por ela desempenhado. Com apenas um pouquinho mais de educação, já poderíamos fazer o dia de cada trabalhador, incluindo o nosso, um pouco menos miserável.
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