sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018

Análise Literária - Morte na Mesopotâmia por Aghata Christie

Salve amigos desinformados!

E chegou a hora de falar de mais um livro clássico. Um de uma autora que dispensa apresentações: Agatha Christie.

E a obra selecionada é Morte na Mesopotâmia. Vamos lá?

Capa:


Capa da última versão lançada no Brasil pela editora Nova Fronteira. O nome gigante da autora mostra todo o prestígio da mesma deixando as ilustrações (que são bem bacanas) e o nome do livro completamente em segundo plano.

SINOPSEA enfermeira Amy Leatheran é contratada para se juntar a uma expedição arqueológica no Iraque. Mas sua função ali tem bem pouco a ver com ruínas e artefatos: ela deve vigiar de perto a bela Louise Leidner, que está cada vez mais apavorada com a ideia de que talvez seu ex-marido não esteja tão morto quanto acreditava.

Louise pode estar imaginando coisas. Mas o fato é que, uma semana após a chegada da enfermeira, a mulher é encontrada morta no próprio quarto, e agora cabe a Hercule Poirot identificar o assassino. Quem terá sido? Tudo indica que o culpado está entre os membros da equipe de cientistas...

DADOS TÉCNICOS: 2014 (1936), 240 páginas, Nova Fronteira, Aghata Christie.


ANÁLISE:  Aghata Christie não recebeu o título de "Dama do crime" à toa. A escritora inglesa se tornou a maior referência em romances policiais em todo o mundo graças a sua escrita cativante, de fácil compreensão e cuja capacidade de prender o leitor é impressionante.
Neste "Morte na Mesopotâmia" temos vários elementos clássicos utilizados por ela e por outros escritores para escrever um bom romance policial. Vamos dar uma destrinchada nas técnicas da autora e você pode tentar copiar nas suas próximas histórias.

NARRADOR-PERSONAGEM EM TERCEIRA E PRIMEIRA PESSOA COMBINADAS: Muito se discute se é melhor o livro em primeira ou terceira pessoa e Aghata, com toda a sua genialidade, resolve a questão muito bem.
Ela narra esta história sobre os olhos de uma personagem coadjuvante. A enfermeira Amy Leatheran junta-se a uma expedição arqueológica no Iraque para vigiar uma outra personagem, alguém que teme a morte.
Como Amy não conhece bem as outras personagens, há espaço para que o leitor não descubra muito, pois os fatos se desenrolam aos poucos, pelos olhos dessa narradora e aqui vai o primeiro segredo da autora para criar o mistério: Não dar muitos detalhes das personagens (ou dos suspeitos do crime, se preferirem).

OCULTAÇÃO DE FATOS IMPORTANTES: Uma das dificuldades que o leitor terá ao ler um romance de Aghata é que a autora não costuma ser totalmente honesta no tanto que nos revela. É preciso lembrar que conhecemos os fatos pelos olhos da narradora e ela pode deixar passar algo. Quando a solução vem, nem sempre estamos nos preparando para ela e, por isso, é tão difícil descobrir o assassino antes da revelação.

ISOLAMENTO: Característica interessante utilizada em policiais é criar um ambiente de isolamento. Ninguém pode entrar ou sair por algum motivo, evitando fugas ou a polícia tradicional. Assim o caso TEM que ser resolvido pelo detetive presente, não apenas porque ele é bom, mas porque não há muitas outras opções.

MUITOS PERSONAGENS COM ALGO A ESCONDER: Outra técnica usada pela autora para nos despistar é infiltrar algum tipo de vigarista em meio ao grupo de suspeitos. Essa pessoa deve algo, mas, não necessariamente, é a assassina. Dessa forma começamos a desconfiar de todo mundo e fica difícil saber quem é o real culpado.

RELACIONAMENTOS: Você não encontrará muitas pistas físicas nessa e em outras obras da autora. Ela preferia utilizar os relacionamentos entre as pessoas para colocar as pistas de forma subliminar. Não haverão muitas pegadas, rastros ou outros elementos físicos, mas haverão entrevistas com os suspeitos onde estarão os motivos que cada um tinha para cometer ou não o crime.

INVESTIGAÇÃO NÃO É AÇÃO: Se você é daquele que reclama de todo livro que não é uma cascata de acontecimentos desvairada, talvez você consiga não gostar desse tipo de literatura. Há pouco espaço para a ação e o crime não costuma ser mostrado, mas o cadáver encontrado.
A graça aqui está na investigação, não em fugas extraordinárias, perseguições ou lutas.

DIFÍCIL PARAR: Começar esse tipo de livro à noite pode ser perigoso. Chega um ponto em que estamos tão envolvidos com a investigação que não se consegue mais parar de ler. Você corre o risco de avançar madrugada adentro, mas será por uma boa causa.

VALE A PENA LER? Não ache que você irá pegar o jeito e começará a descobrir os assassinos só porque entendeu um pouco da receita de bolo da autora. Ela estará sempre pronta a surpreender-nos novamente e, por isso, vale a pena ler mais e mais livros da dama do crime.
Eles também são ótimos para quem está começando a ler, pois costumam viciar...

E aí, meus caros? Gostaram dessa análise? Que outros livros dela já leram?
Deixem seus comentários abaixo

Abraço a todos

Dan Folter 

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