Dan Folter (escritor e professor de inglês) |
Outro dia eu estava respondendo a uma pesquisa online e me foi perguntado se eu era sempre o primeiro a experimentar novas tecnologias.
Respondi que não, afinal não quero ficar testando aparelhos para os fabricantes, prefiro sempre esperar um pouco e comprar depois quando as coisas já estão mais estáveis.
Esse fato, porém, me fez pensar sobre o imediatismo da sociedade. As pessoas precisam ter aquele aparelhinho novo antes do que as outras, querem assistir aquela nova série antes que todo mundo, e elas costumam pagar mais caro por isso. Pense naquelas imensas filas nas lojas da Apple sempre que um produto novo é lançado. Que diferença faz comprar meses depois ou não comprar?
Apenas recentemente comecei a assistir calmamente ao seriado "Breaking Bad" na Netflix e ao comentar com um conhecido, percebi que ele me olhava com estranhamento por eu só estar assistindo agora. Eu não tive tempo antes, devo deixar de ver apenas por que não é mais lançamento?
Comecei a pensar no quanto as pessoas perdem de qualidade de vida, nessa corrida desesperada pelo novo, esse desespero coletivo por ser o primeiro em algo que não te devolve nada em troca a não ser um tipo de status pra lá de subjetivo.
Deveríamos deixar de ler uma obra de Aghata Christie ou de ouvir um disco dos Beatles porque eles são antigos? Ou, falando pejorativamente, velhos?
Lembro-me de um carro que comprei anos atrás. Era um modelo zero quilômetro, mas estava em vias de parar de ser fabricado. Era um ótimo veículo e custava o mesmo que um modelo de categoria inferior, mas com design mais antigo. Optei pelo carro pagando um preço excelente e ainda paguei seguro mais baixo porque o modelo era menos visado pelos bandidos.
As perguntas se o meu carro havia sido comprado usado eram respondidas com um humilde sim, afastando potenciais invejosos e pessoas que pensam que ganho dinheiro fácil.
Talvez seja a idade, talvez eu esteja ficando mais esperto, mas estou preferindo tomar apenas uma boa cerveja em tempo de não esquentar do que engolir várias cervejas ruins em uma golada apenas porque preciso "ficar ruim" bem depressa como fazem muitos.
Talvez seja por causa desse imediatismo que as pessoas passem tão pouco tempo em seus empregos ou mudem de par romântico tão depressa, afinal se a promoção não veio em 5 meses eu devo estar estagnado e se a minha companhia acordou de mal humor no domingo, é a hora de procurar outra, afinal o tempo urge.
Sim, o tempo. O tempo é uma das poucas coisas que não se podem ser vendidas ou emprestadas, por isso eu procuro aproveitar o meu da melhor forma possível, e você? já pensou sobre isso?
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