Estranha Bahia é um daqueles livros que chegou às minhas mãos por acaso. Alguém o colocou em promoção da Amazon e resolvi adquirir o e-book. A leitura acabou por demorar um pouco mais do que eu gostaria, mas não por culpa do livro, mas sim porque ladrões roubaram meu tablet e acabei lendo pelo celular.
Capa:
É difícil fazer uma capa que represente bem a obra, já que são histórias bastante diferentes, apenas com o estado da Bahia em comum. A arte é bonita e tenta passar a ideia de sobrenatural que norteia a obra.
Resenha: Como cada autor tem seu estilo e as histórias não são homogêneas, vou falar um pouco de cada conto, na ordem em que estão no livro.
Raças - Ricardo Santos: Conto narrado sobre o ponto de vista de um policial que se envolve numa aventura extra e se depara com o sobrenatural. Escrito em primeira pessoa, tenta mostrar um personagem principal meio "malandrão".
Um conto bem escrito, mas com uma história que não me empolgou. É bem feito, mas a trama não me gerou grande interesse. Nota 3.
Canudos XXI - Isabelle Neves: Um história de vida e morte, maldições e história, raízes e atualidade. Tudo acompanhando a sina de um garotinho jogado em um turbilhão por algo acontecido no passado. Aqui o terror e o sobrenatural foram bastante convincentes.
É uma história bem trabalhada, com capítulos, está mais para novela do que conto. Nota 5.
Joel das Almas - Evelyn Postali: Joel é um homem que ousou estar no limiar entre dois mundos. O dos humanos e o dos demônios e, para isso, ele conta com a proteção de dois panteões diferentes, afinal a Bahia é um lugar multicultural e isso foi bem explorado pelo autora. Apesar disso, esperava um final mais apoteótico. Muito bem escrito. Nota 4.
O profeta do 666 - Tarcísio J. da Silva: Se você gosta de filmes de terror clássicos, com muito sangue, sexo e criaturas profanas, esse é o seu conto. Um homem num quarto de hotel amaldiçoado (Olá Stephen King) obrigado a escrever tudo o que vê.
Uma leitura fluída e divertida, com ênfase nas descrições. Nota 4.
Enterrados a Respirar - Alexandre Cthulhu: Esse conto me pareceu meio forçado para o tema do livro. A história toda se passa em Portugal e muito pouco a liga à Bahia. Não me estranharia se tivesse sido levemente alterada para entrar na coletânea.
Apesar disso, me diverti muito com a escrita no português de Portugal, algumas vezes difícil para nós brasileiros, mas me decepcionei um pouco com a forma como as coisas se resolvem. Faltaram surpresas e clímax. Nota 3.
Em busca da Disgraça da Pedra Azul - Cristiane Schwinden: Este foi, disparado, o melhor conto dessa coletânea para mim. Isso porque a autora conseguiu me transportar para Salvador. Tanto a linguagem das personagens, cheias de regionalismos, como as descrições de locais tradicionais da cidade funcionaram de forma mágica, me fazendo imaginar a cidade e enxergar através dos olhos da escritora.
O casal também é encantador e você torce por eles. Tudo de forma muito divertida e dinâmica.
Nota 5.
Quibungo - Rochett Tavares: Esse foi o conto que menos me agradou no livro. O autor é competentíssimo, usando uma linguagem muito boa e deve ter feito um imenso trabalho de pesquisa devido ao conhecimento demostrado sobre mitologias, geografia e costumes.
Só que a função de uma história é divertir e essa não me divertiu. Os personagens eram muito reflexivos e a trama parecia dar voltas e não ir a lugar algum.
Talvez eu não tenha compreendido a intenção do autor, mas, para o meu gosto, não funcionou. Nota 2.
Foi uma ótima ideia ler essa coletânea, pois me colocou em contato com a obra de alguns escritores dos quais já havia ouvido falar e me interessei por mais do trabalho de alguns deles. É um livro que merece uma chance e você pode ter impressões bem diferentes das minhas, afinal, gosto pessoal não se discute.
7 comentários:
valeu pela resenha tão detalhada, daniel! você mostrou, na sua visão, os pontos fortes e fracos de cada conto com bons argumentos.
Agradeço a resenha da antologia e a avaliação. Gosto demais desse conjunto de contos. Fico feliz que tenha gostado de Joel das Almas, apesar do final não-apoteótico. Obrigada! Abraço!
Agradeço pela análise feita no blog. Sou um dos autores da coletânea, escritor iniciante. Ouvir a opinião de outras pessoas é muito importante para qualquer autor. Sua resenha foi feita conto a conto, com impressões particulares. Achei legal a nota que recebi, 4. Realmente, Stephen King foi uma das minhas fontes de inspiração (Quarto 1408). Outro autor em que me inspirei foi Clive Baker e seu universo caótico. Conhecendo a opinião do público, o escritor pode se aperfeiçoar. Um abraço.
Obrigado por comentar. Tento sempre criticar de forma construtiva, afinal a minha opinião é como eu enxerguei e não a verdade absoluta, não é mesmo? Parabéns pelo livro!
Gostei muito do seu texto Evelyn. Um vocabulário acima da média, tudo bem conectado. Acho que isso me causou expectativas altas para o final rsrsrs. Lerei outras de suas obras!
Ler seu conto foi diversão pura. Dava para enxergar aquele quarto caótico cheio de criaturas dantescas. Não conheço Clive Barker ainda... vou atrás. Obrigado por comentar!
Oiee ^^
Ainda não conhecia o livro, e nem mesmo os autores, mas confesso que, mesmo tendo em vista que você gostou da obra (mais de uns que dos outros), não fiquei curiosa. Não gosto dos gêneros...hehe' terror é um que eu evito sempre que posso, ficção científica não me chama a atenção e fantasia eu leio de vez em nunca *-*
MilkMilks ♥
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