A capa, de estilo já um tanto ultrapassado, mostra o nome do autor maior que o do livro e ainda se refere a outras obras dele.
SINOPSE: A bela aldeia de Tabah ficava na Palestina. sobre um outeiro no vale onde Josué suplicara ao Senhor para que o Sol parasse... de uma geração árabe para outra, pouco mudara. Então vieram os judeus, reclamando um pântano próximo e criando uma atmosfera hostil... depois disso, tudo mudaria para sempre..
DADOS TÉCNICOS: 1984, 546 páginas, Editora Record, Leon Uris
RESENHA: O Peregrino é um livro que investe num estilo bastante em voga ultimamente: a ficção histórica.
Nele, somos levados à aldeia de Tabah, a mais de cem anos atrás, no local onde hoje fica a Palestina.
A história se segue pelo primeira metade do século passado, mostrando como a aldeia e seus moradores são influenciados por grandes eventos como as duas grandes guerras mundiais, mas principalmente, pela criação do estado de Israel.
UMA AULA DE HISTÓRIA: O autor utilizou de forma perfeita a história para nos mostrar como era a vida de uma família islâmica naquele tempo e local. As tradições locais, reguladas pelo Corão, podem ser chocantes para um ocidental, principalmente na forma como as mulheres eram, e infelizmente ainda são, tratadas.
O livro também busca explicar historicamente o ódio existente entre árabes e Judeus, mas o faz de forma nada enciclopédica, mas utilizando a história e os excelentes personagens.
PERSONAGENS: O ponto alto de O Peregrino são os personagens ricos e envolventes que nos conduzem pela história. Desde o pai e chefe (Muktar) da tribo Ibrahim, sua esposa Hagar e seus vários filhos, com ênfase especial em Ismael, o caçula e Nada, a menina que passa por maus bocados durante a história.
DURO E FORTE: Por ser uma história calcada numa realidade difícil, O Peregrino não poupa o leitor de momentos difíceis durante a história. Assassinatos, estupros, absurdos familiares, crimes de guerra e outras situações difíceis são mostradas de forma bastante crua pelo autor.
A intenção não é chocar pela fantasia nem romantizar essas situações, apenas usar a ficção para mostrar a dura realidade pela qual aquelas pessoas enfrentam.
AUTOR JUDEU FALANDO DE ISLÂMICOS?: O autor se esforçou bastante para ser idôneo e não usa o livro como propaganda anti islâmica, como se poderia pensar. Apesar disso, é preciso realizar a leitura com os filtros ligados ao máximo, já que sabemos que não existe opinião totalmente idônea, todos somos influenciados por algo e isso ficará exposto naquilo que escrevemos.
O fato de o autor ser judeu apenas mostra o quanto foi habilidoso em escrever essa história, sem parecer uma propaganda religiosa ou uma mensagem de ódio.
AVALIAÇÃO: O Peregrino é um daqueles livros que nos fazem repensar nossos valores, olhar para as nossas vidas e agradecer pelo que temos. Também é uma obra que nos ajuda a entender um pouco melhor o conflito entre os povos que vivem no oriente médio, tentando não fazer julgamentos levianos ou precipitados.
Ganhou nota 4,5 no Skoob apenas pela parte final, onde pareceu que o autor correu com algumas resoluções, ao contrário do ritmo mais cadenciado do resto do livro.
E vocês leitores. já conheciam o Peregrino ou o autor, Leon Uris? Convido-os então a procurar pelas obras dele, pois este não é o único ótimo livro que nos deixou. Outras resenhas virão.
Abraço
Dan Folter!
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