segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Resenha - Um artista da fome / A metamorfose de Franz Kafka

Salve meu povo, como estão vocês?

Hoje é dia de resenha, mas vai ser uma resenha mais curta porque o livro é fininho. Vambora?
 
Capa:


Capa da versão de bolso bem antiga que tenho em casa. Simples como deve ser.

SINOPSEQuatro contos e uma novela escritos entre 1922 e 1924 - os dois últimos anos de vida do ficcionista checo Franz Kafka. Personagens solitários, oprimidos e sem esperança voltam a freqüentar as narrativas, numa espécie de resumo, ou testamento, da obra kafkiana.

DADOS TÉCNICOS: 1996 (1915), 111 páginas, Ediouro, Franz Kafka

RESENHA:  O livro sobre o qual falaremos hoje é bem curtinho, apenas 111 páginas, mas ele contém um dos textos mais conhecidos de todos os tempos. O famoso "A metamorfose" e ainda conta com outro conto mais curto chamado "Um artista da fome"
Como a sinopse deixa a desejar, farei um breve resumo:
Um "Um artista da fome" vemos como era a vida dos profissionais que eram pagos para passar fome e serem exibidos de forma itinerante pela Europa, isso em tempos onde não havia televisão ou cinema e as pessoas tinham poucas opções para se divertirem,
Já em "A metamorfose" acompanhamos Gregório, um trabalhador simplório que acorda num belo dia transformado em uma barata e como sua família irá lidar com a situação.

CLÁSSICO: Essa foi a minha primeira experiência com a escrita do autor e foi como eu esperava. Uma escrita rica, cheia de detalhes, bom como era comum em sua época. Em nenhum momento a leitura foi chata ou arrastada, nem precisei de um dicionário para entender. É um texto que, apesar de não ser fácil, pode ser lido sem grandes problemas.

UM ARTISTA DA FOME: A narrativa deste conto é simples e nos mostra os detalhes técnicos do homem que faz sua vida passando fome. A profissão, inicialmente motivo de orgulho e de sustento, mostra-se desatualizada quando as pessoas começam a preferir o cirso e, mesmo o personagem se juntando a uma trupe, é relegado ao esquecimento.
Várias metáforas podem ser vistas aqui, mas acredito que a principal é do status passageiro. Muitas vezes nos achamos estáveis, invencíveis ou imortais em certa parte ou evento de nossas vidas, mas o autor nos convida a pensar no quanto essas situações são transitórias e como tudo pode mudar de uma hora para a outra.

A METAMORFOSE: O texto que trouxe a fama a Kafka é realmente digno de todos os elogios. Escrito durante o pré-modernismo, época onde o simbolismo era forte, o livro nos traz uma leitura agoniante.
Temos um homem (que não é mais homem) preso à sua cama, sem conseguir se levantar em virtude da transformação, embora o que mais o preocupe seja o fato de estar atrasado para o serviço.

Toda a dificuldade de movimentos como a adaptação ao novo corpo e a descrição das partes de inseto são de causar no leitor uma agonia. Poucas vezes me empatizei tanto com um personagem. Mesmo numa situação complicadíssima, ele continua a se preocupar com o bem estar da família, com a imagem no trabalho, a última coisa que esperaríamos de alguém com esse tipo de problema.
 
A METÁFORA: A metamorfose pode parecer um livro de terror ou de ficção científica, mas está muito longe disso. A transformação do personagem pode ser encarada como uma doença, já que exige cuidados. Gregório não mais pode trabalhar e não provém mais para a família como antigamente.
Por causa disso todos na casa passam a precisar rever suas rotinas, arranjar novos empregos e até alugam quartos para conseguir renda.
Isso pode ser notado na forma como ele é tratado pela família. A repulsa inicial se torna piedade, mas com o tempo, fica claro que, agora que não é mais útil financeiramente, e ainda impede a família de se mudar devido à sua condição, Gregório é apenas um estorvo.

A situação dele nos faz pensar em famílias que tem pessoas idosas, com necessidades especiais ou algum tipo de invalidez. O tratamento que essas pessoas recebem não diferem muito ao dado ao personagem. É uma metáfora realmente brilhante e que justifica com louvor toda a fama que a obra tem.
 
CONCLUSÃO: Apesar de não ter apreciado tanto o primeiro conto, que tem qualidade, mas não marca muito, o segundo é tudo aquilo que alçou o autor a fama e merece tudo o que é falado sobre ele ainda hoje.
Como a obra é centenária, os direitos autorais já são de domínio público então o texto pode ser encontrado com facilidade na internet.
Leitura obrigatória pelo menos uma vez na vida

E você leitor? Já leu esta obra? qual sua opinião sobre ela?

E sobre essa resenha? concorda? discorda? quer acrescentar algo?
Então deixe o seu comentário.

Abraços
Dan Folter!

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