Olá pessoal que acompanha o blog, tudo bem por aí?
Agosto tem sido um mês de bastante postagens, pois consegui finalizar várias leituras e, por isso, tem mais uma resenha para vocês, e de um livro brasileiro.
Pepita, Passei a minha infância e adolescência sendo perseguida, sofrendo bullying de Mar' Junior
Capa:
Capa que passa bem a mensagem do bullying, além de mostrar a cor favorita da protagonista, o pink.
SINOPSE: A história de PEPITA acontece no último dia de aula do ensino médio, no dia de sua formatura. Ela, deitada num sofá na biblioteca, onde sempre gostou de estar, relembra o seu passado, como chegou naquela escola aos 2, 3 anos de idade e que foi perseguida esses anos todos, sofrendo bullying. PEPITA nasceu num lar tão rico, que as suas próximas dez gerações não precisarão trabalhar. Menina bonita, magra, com dentes perfeitos, inteligente - lê muito -, desportista - ganhou tudo pela escola -, participativa nas atividades diárias normalmente, como Grêmio estudantil e aluna de notas excelentes. PEPITA tinha tudo para não sofrer bullying, mas o inverso aconteceu e ela não sabe até hoje porque Canina e sua turma a tratam tão mal e aprontaram com ela nesses últimos 15 anos, que ela espera nunca mais revê-las. PEPITA teve algumas perdas importantes na sua vida neste período, mas também teve encontros extraordinários. Sua relação com seus pais é a melhor, dentro do planejado com eles, só se comunicando por intermédio de bilhetes que são colocados num quadro no segundo andar da sua casa, onde ficam os quartos. PEPITA mostra que não precisa ser negro, pobre ou favelado para ser mau-caráter, basta ter uma família desestruturada para que isso venha à tona.
DADOS TÉCNICOS: 2017, 256 páginas, Amazon, Mar' Junior
RESENHA: O livro sobre o qual falaremos hoje é sobre um problema bastante antigo, mas que só começou a receber atenção adequada nos últimos anos, que é o bullying.
Mas antes eu gostaria de citar a sinopse do livro. Ela é enorme, o nome da protagonista está escrito várias vezes em letras maiúsculas, mas o que me chamou mais atenção foi esse pedaço:
"PEPITA mostra que não precisa ser negro, pobre ou favelado para ser mau-caráter"
Confesso não ter entendido a intenção do autor. Ele acha que todo mundo acha isso?
IMPROVÁVEL: Essa foi a minha primeira reação ao ler os primeiros capítulos desse livro. Pepita é rica, bonita, inteligente, esportista e tem mais uma série de qualidades que dificilmente a colocariam como alguém vítima de bullying. A única justificativa para as outras meninas a escolherem seria a inveja, embora isso não fique claro na trama. Se voltarmos à sinopse, o próprio autor alega todas essas qualidades, mas diz que simplesmente aconteceu, por isso a minha reação de estranhamento.
AZAR: A narrativa de 80% das mais de 200 páginas do livro mostra Pepita, já que o livro é escrito em primeira pessoa, mostrando todos os planos infalíveis orquestrador por Canina e sua turma contra ela.
Não consegui deixar de ver Canina como Cebolinha fazendo "planos infalíveis" para roubar o coelhinho da Mônica...
O que chama a atenção aqui é o azar de Pepita, já que ninguém nunca percebe que ela é inocente e a situação se repete durante todo o ensino fundamental e todo o ensino médio.
É realmente incrível a incompetência de todos os profissionais desse colégio (um dos melhores da cidade) em identificar um simples (e óbvio) caso de bullying.
Pepita sofre todo o tipo de humilhação, inclusive a violência física e as únicas pessoas capazes de perceberem a verdade são as duas faxineiras da escola.
PAIS OMISSOS? Outro fato que chama bastante a atenção no livro é a forma de comunicação entre Pepita e os seus pais. Aparentemente ausentes em virtude dos trabalhos, se comunicam com a filha através de um quadro de recados. Pepita deixa bilhetes e pega a resposta depois.
Isso explicaria porque os pais não percebem o sofrimento da filha, já que provém a menina com todos os confortos financeiros, mas não ligam muito para a parte afetiva.
No decorrer do livro, essa situação parece mudar um pouco em virtude de alguns acontecimentos.
TRAGÉDIAS: A vida de Pepita é como a do personagem Joseph Climber do grupo de comédia Melhores do Mundo. Já está bastante ruim, mas piora.
Não bastasse todos os episódios de bullying, o destino também não é camarada com a personagem e me peguei pensando como que ela não tomou uma atitude mais drástica contra quem a feria ou contra si, algo normal entre adolescentes.
CONFORMISTA ?: Se você estuda num colégio que só te traz problemas, o que você faz? Tenta sair, se revolta, faz greve de fome, mas em nenhum momento Pepita reage ao que acontece com ela. Em todo o livro ela toma apenas uma ação contra aqueles que a atacam, mas não estou defendendo que fosse violenta, mas sim que falasse com os pais e mudasse de escola.
Por que alguém, em sã consciência, aguentaria tantos anos de tortura, calada?
FALTOU EMPATIA: A tarefa de ir à escola sabendo que não se tem amigos é complicada, mas é bem mais fácil sofrer numa mansão, com motorista particular e o tão repetido "Iphone 6 rosa" da personagem. Em alguns momentos as reclamações dela se tornam um pouco vazias, afinal é rica, linda, inteligente, etc, etc etc...
Por esses motivos, mesmo conhecendo bem o que é o bullying, já que passei por isso na infância, não consegui comprar a personagem e nem torcer por ela.
Cheguei até a pensar que era tudo imaginação da garota e que ela descobriria isso durante o livro, mas essa reviravolta não veio.
IDEOLOGIA RELIGIOSA: Pepita tem dois objetivos bem claros como obra:
1 - Alertar contras os malefícios do bullying;
2 - Pregar ideologia religiosa.
Sobre o número 1, já falamos bastante, mas sobre o número 2, talvez explique um pouco o comportamento omisso da personagem.
Apaixonada por uma única canção gospel que utiliza como escape para os momentos difíceis, a personagem "oferece a outra face" o tempo todo.
Me parece que o autor tentou justificar a omissão da personagem como bondade, adquirida, é claro, graças à inclinação religiosa que possui.
Em várias partes é frisado que Pepita tem "qualidades" como não beber, fumar ou fazer questão de se manter virgem enquanto as vilãs do livro fazem o contrário.
Explica, mas não justifica.
CONCLUSÃO: Pepita é uma história bastante bem intencionada, que busca alertar pais, professores e jovens sobre o problema do bullying, mas faz isso com uma personagem que não convence.
As situações propostas são muito improváveis, assim como a omissão generalizada.
Faltaram tons de cinza. Os personagens são estereotipados demais.
Pepita foi publicada de forma independente e está muito bem escrita, diagramada e revisada. Coisa rara hoje em dia no mercado nacional independente.
Leva nota 3 no Skoob, bom, mas não conseguiu me conquistar.
E você leitor? Já leu esta obra? qual sua opinião sobre ela?
E sobre essa resenha? concorda? discorda? quer acrescentar algo?
Então deixe o seu comentário.
Abraços
Dan Folter
Capa que passa bem a mensagem do bullying, além de mostrar a cor favorita da protagonista, o pink.
SINOPSE: A história de PEPITA acontece no último dia de aula do ensino médio, no dia de sua formatura. Ela, deitada num sofá na biblioteca, onde sempre gostou de estar, relembra o seu passado, como chegou naquela escola aos 2, 3 anos de idade e que foi perseguida esses anos todos, sofrendo bullying. PEPITA nasceu num lar tão rico, que as suas próximas dez gerações não precisarão trabalhar. Menina bonita, magra, com dentes perfeitos, inteligente - lê muito -, desportista - ganhou tudo pela escola -, participativa nas atividades diárias normalmente, como Grêmio estudantil e aluna de notas excelentes. PEPITA tinha tudo para não sofrer bullying, mas o inverso aconteceu e ela não sabe até hoje porque Canina e sua turma a tratam tão mal e aprontaram com ela nesses últimos 15 anos, que ela espera nunca mais revê-las. PEPITA teve algumas perdas importantes na sua vida neste período, mas também teve encontros extraordinários. Sua relação com seus pais é a melhor, dentro do planejado com eles, só se comunicando por intermédio de bilhetes que são colocados num quadro no segundo andar da sua casa, onde ficam os quartos. PEPITA mostra que não precisa ser negro, pobre ou favelado para ser mau-caráter, basta ter uma família desestruturada para que isso venha à tona.
DADOS TÉCNICOS: 2017, 256 páginas, Amazon, Mar' Junior
RESENHA: O livro sobre o qual falaremos hoje é sobre um problema bastante antigo, mas que só começou a receber atenção adequada nos últimos anos, que é o bullying.
Mas antes eu gostaria de citar a sinopse do livro. Ela é enorme, o nome da protagonista está escrito várias vezes em letras maiúsculas, mas o que me chamou mais atenção foi esse pedaço:
"PEPITA mostra que não precisa ser negro, pobre ou favelado para ser mau-caráter"
Confesso não ter entendido a intenção do autor. Ele acha que todo mundo acha isso?
IMPROVÁVEL: Essa foi a minha primeira reação ao ler os primeiros capítulos desse livro. Pepita é rica, bonita, inteligente, esportista e tem mais uma série de qualidades que dificilmente a colocariam como alguém vítima de bullying. A única justificativa para as outras meninas a escolherem seria a inveja, embora isso não fique claro na trama. Se voltarmos à sinopse, o próprio autor alega todas essas qualidades, mas diz que simplesmente aconteceu, por isso a minha reação de estranhamento.
AZAR: A narrativa de 80% das mais de 200 páginas do livro mostra Pepita, já que o livro é escrito em primeira pessoa, mostrando todos os planos infalíveis orquestrador por Canina e sua turma contra ela.
Não consegui deixar de ver Canina como Cebolinha fazendo "planos infalíveis" para roubar o coelhinho da Mônica...
O que chama a atenção aqui é o azar de Pepita, já que ninguém nunca percebe que ela é inocente e a situação se repete durante todo o ensino fundamental e todo o ensino médio.
É realmente incrível a incompetência de todos os profissionais desse colégio (um dos melhores da cidade) em identificar um simples (e óbvio) caso de bullying.
Pepita sofre todo o tipo de humilhação, inclusive a violência física e as únicas pessoas capazes de perceberem a verdade são as duas faxineiras da escola.
PAIS OMISSOS? Outro fato que chama bastante a atenção no livro é a forma de comunicação entre Pepita e os seus pais. Aparentemente ausentes em virtude dos trabalhos, se comunicam com a filha através de um quadro de recados. Pepita deixa bilhetes e pega a resposta depois.
Isso explicaria porque os pais não percebem o sofrimento da filha, já que provém a menina com todos os confortos financeiros, mas não ligam muito para a parte afetiva.
No decorrer do livro, essa situação parece mudar um pouco em virtude de alguns acontecimentos.
TRAGÉDIAS: A vida de Pepita é como a do personagem Joseph Climber do grupo de comédia Melhores do Mundo. Já está bastante ruim, mas piora.
Não bastasse todos os episódios de bullying, o destino também não é camarada com a personagem e me peguei pensando como que ela não tomou uma atitude mais drástica contra quem a feria ou contra si, algo normal entre adolescentes.
CONFORMISTA ?: Se você estuda num colégio que só te traz problemas, o que você faz? Tenta sair, se revolta, faz greve de fome, mas em nenhum momento Pepita reage ao que acontece com ela. Em todo o livro ela toma apenas uma ação contra aqueles que a atacam, mas não estou defendendo que fosse violenta, mas sim que falasse com os pais e mudasse de escola.
Por que alguém, em sã consciência, aguentaria tantos anos de tortura, calada?
FALTOU EMPATIA: A tarefa de ir à escola sabendo que não se tem amigos é complicada, mas é bem mais fácil sofrer numa mansão, com motorista particular e o tão repetido "Iphone 6 rosa" da personagem. Em alguns momentos as reclamações dela se tornam um pouco vazias, afinal é rica, linda, inteligente, etc, etc etc...
Por esses motivos, mesmo conhecendo bem o que é o bullying, já que passei por isso na infância, não consegui comprar a personagem e nem torcer por ela.
Cheguei até a pensar que era tudo imaginação da garota e que ela descobriria isso durante o livro, mas essa reviravolta não veio.
IDEOLOGIA RELIGIOSA: Pepita tem dois objetivos bem claros como obra:
1 - Alertar contras os malefícios do bullying;
2 - Pregar ideologia religiosa.
Sobre o número 1, já falamos bastante, mas sobre o número 2, talvez explique um pouco o comportamento omisso da personagem.
Apaixonada por uma única canção gospel que utiliza como escape para os momentos difíceis, a personagem "oferece a outra face" o tempo todo.
Me parece que o autor tentou justificar a omissão da personagem como bondade, adquirida, é claro, graças à inclinação religiosa que possui.
Em várias partes é frisado que Pepita tem "qualidades" como não beber, fumar ou fazer questão de se manter virgem enquanto as vilãs do livro fazem o contrário.
Explica, mas não justifica.
CONCLUSÃO: Pepita é uma história bastante bem intencionada, que busca alertar pais, professores e jovens sobre o problema do bullying, mas faz isso com uma personagem que não convence.
As situações propostas são muito improváveis, assim como a omissão generalizada.
Faltaram tons de cinza. Os personagens são estereotipados demais.
Pepita foi publicada de forma independente e está muito bem escrita, diagramada e revisada. Coisa rara hoje em dia no mercado nacional independente.
Leva nota 3 no Skoob, bom, mas não conseguiu me conquistar.
E você leitor? Já leu esta obra? qual sua opinião sobre ela?
E sobre essa resenha? concorda? discorda? quer acrescentar algo?
Então deixe o seu comentário.
E sobre essa resenha? concorda? discorda? quer acrescentar algo?
Então deixe o seu comentário.
Abraços
Dan Folter
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