sexta-feira, 26 de outubro de 2018

Crônica - Escravos das notificações

Se você está lendo este texto, então provavelmente o está fazendo em um Smartphone.

Assim como eu, você também passou a viver em torno desse aparelhinho mágico que serve para pagar contas, pedir um Uber, estudar, assistir a vídeos e até mesmo se comunicar com outras pessoas por uma dúzia de redes sociais diferentes.

Olhando meu telefone, vejo que uma tela já não é o bastante. Eu tenho quatro, mas conheço pessoas com mais de dez telas, cheias de aplicativos. E a maioria desses aplicativos nos pede educadamente se queremos receber notificações.

Aceito, de bom grado. Por que não?

- Quer saber se te ligaram? sim
- Se curtiram a foto que colocaste no Instagram? claro!
- Seu time marcou um gol? Notifique-me
- Previsão do tempo? nunca me importei com isso, mas sim.

Chegou uma hora em que as notificações eram tantas que o aparelho começou a "apitar" várias vezes por minuto. Colocar em vibra também não adiantava muito, principalmente quando o danado estava no bolso.

Percebi que, mais do que escravo do telefone, eu estava sendo escravizado por esse malditos avisos.

E olha que alguns deles beiram o cúmulo da inutilidade como "faz tempo que você não joga nosso joguinho, estamos com saudade"

Meu telefone sente mais saudades de mim do que meus amigos!

Tente estudar, trabalhar ou ler um livro com uma tela que se ilumina a cada trinta segundos e tira a sua atenção. É impossível.

Minha produtividade caiu, tenho dores de cabeça constantes, resumindo... estou ficando MAIS maluco.

Mas eis que a bateria do telefone não aguentou o ritmo e "deu os doce" dias atrás. Comecei a deixar o telefone preso ao carregador e ele não era mais "wireless", o que chegava ser irônico e descobri que na hora de fazer o número 2 (sim escritores também usam o banheiro) era muito mais produtivo levar uma apostila e estudar do que jogar Candy Crush!

Aqui vai uma dica preciosa: ao se casar, procure alguém inteligente, como eu fiz, pois a esposa (sempre ela) veio com a solução óbvia: "Desativa esse monte de notificação" assim poupa a bateria.

A bateria já estava condenada. A extrema unção foi ontem e custou 150 reais, mas eu ainda posso ser salvo (ou será que não?) e em alguns dias na nova rotina consegui produzir muito mais.

E daí se eu vou demorar algumas horas a mais para responder uma mensagem? Eu não sou paramédico, sou escritor, ninguém vai morrer se esperar algumas horinhas, não é mesmo?

Deu tempo até de escrever essa crônica.

Boa noite, eu vou agora ler um livro sem ser incomodado...

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