quinta-feira, 24 de janeiro de 2019

Resenha - Prata da terra de Luciana Klanovicz

Olá meus amigos desinformados, tudo bem por aí?

Eu estou participando de um grupo de literatura no Facebook onde todo mês um livro é escolhido através de votação, lido e resenhado pelos membros. Se você quiser conhecer o grupo ele se chama GAB (Grupo de autores brasileiros).

E o livro de Janeiro foi o Prata da Terra da escritora Luciana Klanovicz. Vamos lá?

CAPA: 

Capa bonita e que vende a obra bem de acordo com o que encontramos nela. Mas EU sou lesado e sempre acabo lendo "Prala da lerra" mas sei que isso é coisa da minha cabeça.

SINOPSEAnnabella é uma moça da Toscana, filha de um comerciante, apaixonada pelo saber, pelos livros clássicos e por astronomia. Criada pelos tios que são artistas e admiram o novo mundo do conhecimento moderno, ela se apaixona por Giuliano, filho de um patrício, o senhor de Vicco. Em meio a uma Itália que experimenta uma revolução científica e de costumes, Annabella vê-se envolvida por um mundo de conflitos de poder, enquanto defende a unhas e dentes seu amor, sua independência e sua liberdade.

DADOS TÉCNICOS: 2018, 407 páginas, Independente, Luciana Klanovicz

RESENHA: Prata da terra é uma mistura de romance de época com romance histórico. É bem mais romance de época, se passando na Itália entre os séculos XVI e XVII, mas também é histórico porque a autora usa (com bastante propriedade) fatos e personalidades históricas para enriquecer o cenário.

UMA HISTÓRIA DE AMOR: Prata da terra apresenta a trama de Annabella e Giuliano, um casal que se apaixona na juventude e tem tudo para ficar junto, mas... (sempre tem um "mas"), o casal é jogado numa rede de intrigas e interesses que faz com que esse romance tenha muitos altos e baixos.
Apesar dos equívocos cometidos pelo casal, nós torcemos para que eles fiquem juntos, afinal sofrem o diabo durante a história. Será que a autora deu um final feliz para eles ou preferiu ser mais realista? Não vou dar esse spoiler. Leia e descubra.

ANNABELLA: A autora optou por fazer uma mulher à frente do seu tempo, o que vai de encontro aos anseios atuais do público leitor. A protagonista é decidida, independente e inteligente, uma mulher das ciências (dentro do que era possível na época)
Mas toda essa racionalidade vai pelo ralo quando Giuliano entra em ação. O mocinho é capaz de derreter toda essa lógica e deixa a protagonista sempre numa batalha interna entre esses dois lados.

GIULIANO: O protagonista é um nobre que renega suas origens e prefere ser um soldado, conhecer o mundo no lombo de um cavalo, mas ele se mostra impulsivo e, por vezes, ingênuo, o que acaba por fazer com que seja manipulado com certa facilidade.
Também o achei um pouco "fujão" na hora de resolver os problemas, sempre tentando deixar rolar e esperando que a solução acabe chegando sozinha.

MUITAS INTRIGAS:  A trama se baseia nas intrigas. Interesses econômicos, românticos, lutas de classe e ascensão social são as motivações para a maioria dos conflitos apresentados. Funciona bem e olha que a autora ainda achou espaço para encaixar guerras, peste, naufrágios e até a santa inquisição. É intriga que não acaba mais.

PONTOS POSITIVOS: Os personagens de Prata da Terra são bastante interessantes e alguns deles trazem mais de uma camada. Eles evoluem durante a obra e não são estereotipados.
O cenário também é bom, fruto do conhecimento da autora tanto de história quanto de alguns dos locais retratados, o que nos ajuda a "enxergar" na mente onde tudo acontece.

PONTOS NEGATIVOS: Prata da Terra tem 407 páginas. Mas dava para enxugar um pouco. Principalmente na primeira parte, notei que a mesma explicação é dada mais de uma vez. A autora também abusa das explicações, o que pesa um pouco no texto. O ideal seria mostrar mais e explicar menos. Por causa disso a leitura não é das mais fluidas, apesar da boa história.
Também senti falta de uma preparação de texto e revisão mais cuidadosas, coisa que pode ser facilmente resolvida.

CONCLUSÃOPrata da Terra é um romance de época bastante adequado para agradar os fãs do estilo. Tem romances avassaladores, intrigas e várias alternativas na trama. Tem personagens e cenário acima da média mas precisava perder umas gordurinhas.

Nota 4,0 no Skoob,  um livro muito bom.



E essa foi a nossa primeira resenha de 2019, mas muitas outras virão. Fique de olho!

Abraços

Dan Folter

terça-feira, 22 de janeiro de 2019

Youtube - A Biblioteca Invisível - Resenha - T02E02



Saiu vídeo novo lá no nosso canal. Venha conferir a leitura de janeiro e nos ajude a escolher a leitura de fevereiro.







Não esqueça de compartilhar o vídeo com os amigos e de se inscrever no canal.



Grande Abraço a todos



Dan Folter

sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Prêmio Brasil entre palavras elegerá os melhores de 2018

E chegou a hora de escolhermos os melhores livros de 2018. E para isso temos a terceira edição do prêmio Brasil entre palavras.

Na primeira, O Mistério de Boa Esperança papou o prêmio de melhor livro de ação em 2016.
2018 é a vez de Um Poema de Guerra.

O prêmio é realizado pela iniciativa dos blogs as 1001 Núccias e Cura leitura.


As regras para deixar seu voto estão aqui:

- A votação se refere aos livros cadastrados pelos próprios autores na primeira fase do Prêmio (dezembro/2018);

- Cada leitor poderá votar uma única vez em cada categoria;

- Cada leitor pode indicar um livro na opção OUTRO desde que: 1 - seja livro nacional; 2 - tenha sido lançado entre 31/10/2017 a 01/11/2018; 3 - seja informado nome do livro e do autor. Não estando nesses 3 requisitos, a indicação será desconsiderada;

- A votação vai até 30/janeiro/2019;

- O resultado será divulgado no dia 31/jan.

DEIXE SEU VOTO: VOTAR AGORA


Lembrando que Um Poema de Guerra concorre nas categorias Drama, Distopia e melhor capa.
Você também pode votar em Acordo com Chemosh na categoria wattpad. Para isso, selecione a linha outro e preencha "Acordo com Chemosh de Dan Folter"

Deixo aqui também sugestões de outras categorias:
- Planeta Brutal de Raphael Miguel na categoria ação
- Fantásticos organizado por Núccia de Cicco na categoria antologia
- Os Supremos de Raphael Miguel nas categorias Aventura e fantasia
- Playlist de vários autores na categoria jovem adulto
- Violet de Giuliana Sperandio na categoria romance
- Um Amor para Johan de Amanda Bonatti na categoria romance de época

Não deixe de votar e de avisar os seus amigos para também votarem. Vamos apoiar a literatura brasileira.

Abraço

Dan Folter

quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

Análise literária - A mão esquerda da escuridão de Ursula K. Le Guin

Feliz 2019 a todos!

E para começar o ano com o pé direito vamos falar da mão esquerda... da escuridão, uma ficção científica clássica escrita por Ursula K. Le Guin.

Vambora?

Assista também ao vídeo: 

DADOS TÉCNICOS: 2014 (1969), 296 páginas, Ed. Aleph, Ursula K. Le Guin


CAPA:

Capas vistosas não são o forte da ficção científica. Nesta edição de 2014, a preocupação da editora ficou mais em mostrar o nome da autora e o título do livro, já que é uma obra já razoavelmente conhecida.

Mas a capa original também deixa bastante a desejar, mostrando apenas uma figura de dois homens sobre um fundo abstrato.

Nota 3,0











SINOPSEGenly Ai foi enviado a Gethen com a missão de convencer seus governantes a se unirem a uma grande comunidade universal. Ao chegar no planeta Inverno, como é conhecido por aqueles que já vivenciaram seu clima gelado, o experiente emissário sente-se completamente despreparado para a situação que lhe aguardava. Os habitantes de Gethen fazem parte de uma cultura rica e quase medieval, estranhamente bela e mortalmente intrigante. Nessa sociedade complexa, homens e mulheres são um só e nenhum ao mesmo tempo. Os indivíduos não possuem sexo definido e, como resultado, não há qualquer forma de discriminação de gênero, sendo essas as bases da vida do planeta. Mas Genly é humano demais. A menos que consiga superar os preconceitos nele enraizados a respeito dos significados de feminino e masculino, ele corre o risco de destruir tanto sua missão quanto a si mesmo.

A sinopse dessa edição (não sei se a original era assim) apela para o assunto da identidade de gênero que é sim trabalhada no livro, mas não no grau que se tenta passar aqui. A sinopse, inclusive, passa informações falsas sobre a história, mas não vou discuti-la para não entrar no spoiler...

Nota 2,0

PÚBLICO-ALVO: A mão esquerda da escuridão é claramente uma obra de ficção científica e, apesar de não ser do tipo hard, ela não é indicada para quem não é fã do gênero.
Pelas resenhas que li sobre a obra no skoob fica bem claro que muita gente chega a esse livro acreditando que ele é uma coisa e se decepciona ao descobrir que é outra.
A autora fez a parte dela, mas o marketing feito por quem comercializa o livro leva a culpa.

Nota 4,0

TRAMA/ENREDO: A mão esquerda da escuridão é um livro onde um planeta inteiro precisa ser apresentado e descrito, bem como seus habitantes com suas características e costumes próprios.
Isso custa muitas das 296 páginas do livro e sobra pouco espaço para uma trama mais envolvente.

O enredo gira mesmo em tordo da missão de Genly Ai em convencer os líderes do planeta Gethen a entrarem para a organização chamada Ekumen.

Boa parte da trama ainda é consumida em uma aventura vivida pelo personagem e seu contato Estraven por uma área inóspita.

O resultado é um livro difícil de virar as páginas e que muitos irão rotula de "chato".

Nota 3,0 

NARRAÇÃO: Narrado em primeira pessoa alterando-se entre Genly Ai e Estraven, a obra conta com alguns capítulos entre aqueles que formam a trama principal. Nesses capítulos mais curtos há alguns contos que ajudam o leitor a entender como o planeta funciona.

A alternância é essencial para que o leitor entenda os diferentes pontos de vida de um nativo de Gethen e de um terráqueo.

Os contos também ajudam a quebrar um pouco a narrativa e tornam o livro menos tedioso.

Nota 4,0

VEROSSIMILHANÇA: A criação de mundos apresentada em a mão esquerda da escuridão é de uma qualidade assustadora.
A autora criou um planeta inteiro com clima próprio, vocabulário, costumes, religiões e ainda fez tudo isso colocando uma raça de pessoas assexuadas que se tornam homens ou mulheres apenas quando entram num estado sexualmente ativo.

Em nenhum momento notei algo mal explicado, tendo a autora o cuidado de nomear cada dia do mês, um trabalho realmente brilhante.

Nota 5,0

PERSONAGENS: A mão esquerda da escuridão não é um livro sobre proezas de A ou B, nem dos sofrimentos e mazelas de alguém. É um livro sobre uma sociedade e os indivíduos dessa sociedade se comportam razoavelmente da forma como é esperado.

Por isso não espere por personagens de tirar o fôlego e arrebatar paixões, embora todos estejam muito bem caracterizados e descritos.

Nota 4,0

LINGUAGEM: A linguagem desta obra é desafiadora para o leitor por dois motivos. O primeiro é a época em que foi feita. 1969 não parece tanto tempo assim, mas o livro não é fluído de se ler, principalmente devido à quantidade de termos relativos ao planeta Gethen.


Claro que esses termos estão lá para ambientar a história e tudo é muito competente, mas você precisa estar em um bom dia para virar as páginas 

Nota 4,0

DIÁLOGOS: Os diálogos são a parte em que a leitora colocou a maioria das questões filosóficas que estão no livro. Ficção científica precisa deixar algo no leitor para reflexão e a mão esquerda da escuridão faz isso muito bem.

Os diálogos são inteligentes e naturais, a melhor parte do livro.

Nota 5,0

FINAL: Muitas vezes na ficção científica o que vale é a jornada, por isso não espere por um final repleto de reviravoltas. Nem mesmo espere por um clímax.
A mão esquerda da escuridão tem um final que faz sentido, não sendo nem feliz nem triste, já que isso pouco importa para o estilo. Está perfeitamente de acordo com a proposta.

Nota 4,0

CONCLUSÃO: A mão esquerda da escuridão é um livro que cumpre o que a autora prometeu, mas que não cumpre aquilo que os marqueteiros querem prometer. O livro não discute profundamente as diferenças de gênero como muitas vezes é sugerido, apenas joga para ao alto algumas ideias para discussão.

Isso pode deixar muitos leitores um pouco decepcionados, mas precisamos lembrar que o livro foi escrito no final da década de 60 e não tinha como avançar tanto assim nesses temas. Tanto que ao criar seres sem sexo, a autora acabou os descrevendo mais como homens, exaltando por vezes as características masculinas como qualidades e diminuindo as femininas para defeitos. 
Assim sendo, mesmo tentando ser revolucionário na questão do gênero, o livro acaba sendo uma pitadinha machista em alguns pedaços, claro que fruto de um hábito enraizado na sociedade da época e que ainda vemos acontecer 50 anos mais tarde.

Um livro para fãs do gênero apenas.

A nota final foi 3,8; bastante condizente com a média das avaliações encontradas.

E você já eu essa obra? Qual a sua opinião à respeito dela? e desta avaliação?

Converse com a gente através dos comentários.

Abraços literários

Dan Folter!