segunda-feira, 31 de agosto de 2020

Um pouco de história - dia 17 - Um pouco da minha história.

 Dia desses alguém olhou a minha página de autor no Skoob e ficou surpresa: 14 obras? ela me disse, com admiração pelo número.

Agradeci ao elogio, mas não deixei que subisse à cabeça. Sim, já foram 14 lançamentos com o meu nome na capa ou na lista de autores da contra-capa e, mesmo assim, se contarmos todo o dinheiro que arrecadei com a literatura, não pagaria nem mesmo o que gastei com o primeiro livro solo.


Ah, Dan, mas você não deveria escrever pelo dinheiro. Deveria escrever para deixar o seu nome na história ou para difundir as suas ideias para mais pessoas, blá, blá, blá...

Honestamente não sonho ficar rico com a literatura, mas se fosse possível viver dela, pagar as contas como qualquer outro trabalhador, eu seria uma pessoa bastante feliz.

E o que me deixa mais triste é que eu precisei (ainda preciso) trabalhar de outras formas e investir parte do dinheiro nesse sonho, mesmo sem uma perspectiva de retorno. Receber críticas positivas e elogios é bacana, mas um trabalho deveria ser recompensado com um pouco mais que isso.


Mas o que me deixa mais frustrado é quando acham que as coisas vieram fácil para mim. Afinal sou homem-branco-hétero-CIS e muitos por aí acreditam que isso inclui um pacote de benefícios onde as portas simplesmente se abrem para mim e as oportunidades chovem na minha cabeça enquanto apenas os outros passam por dificuldades.

Fosse assim eu não teria sido mudo até os 5 anos, fanho até os 11, não teria andando pendurado em porta de ônibus para estudar e não teria varado tantas madrugadas para ganhar o meu sustento, fora o trabalho hercúleo de meus pais para me permitir estudar, até mesmo passando por necessidade para que não me faltasse o básico.


Tivesse sido fácil, eu teria lançado o meu primeiro livro, cuja ideia surgiu lá na adolescência antes dos 18. Não precisaria ter trabalhado tanto para financiar a primeira publicação já que uma editora deveria me aceitar logo de cara, como pensam muitos.

Mas eu optei por não trilhar caminhos tortuosos. E no Brasil quem decide pelo caminho da retidão precisará se provar 3 vezes mais caso queira algo. Mas eu acredito no meu trabalho, acredito no meu talento.
E mesmo que muitas vezes falte o apoio daqueles de quem mais se espera, quem é forte consegue perseverar porque tem sua força própria.


Muitas vezes a depressão bate e quero desistir. Quero fazer como Gustavo em Um poema de guerra e se deixar levar. Outras vezes quero insistir, como Luciana em Minha Melhor Amiga, que nunca deixa de perseguir seu objetivo porque deseja fazer o bem e outras vezes sou como o Daniel, o do Mistério de Boa Esperança, sem graça e com pouca iniciativa.

Mas quero continuar porque ainda há muitos personagens que quero ser, que quero criar e entregar para o mundo.

Desculpe se o post saiu meio como um desabafo, mas ser escritor no Brasil, definitivamente, não é NADA fácil.

Abraços
Dan Folter


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